PARE- Plataforma de Avisos de REga

Metadados

 

FAQ – Questões Frequentes

 

 

 

 

DGADR................. Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural

CCDR Algarve/DRAP Algarve  Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve, I.P./Direção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve

COTR ..................  Centro Operativo e de Tecnologia de Regadio

FENAREG .............  Federação Nacional de Regantes de Portugal

 

2024


Índice

1.     Enquadramento- valores de rega para a agricultura. 2

2.     Rede de Monitorização Meteorológica. 2

3.     Regiões Agroclimáticas Homogéneas das EMAs. 5

4.     Metodologia para o Cálculo das Necessidades Hídricas das Culturas. 6

5.     Ajustamento à Evapotranspiração de referência (ETo) 8

6.     Dotação de Rega. 9

7.     Conversor de Unidades. 9

8.     Dotações de rega com base em previsões meteorológicas. 10

9.     Suplementação de Falhas. 11

10.   Visualização do PARE- Plataforma de Avisos de REga. 12

11.   Referências bibliográficas. 14

 

 

 


 

1.     Enquadramento- valores de rega para a agricultura

A rega tem por finalidade fornecer ao solo, nos momentos mais convenientes, as quantidades de água necessárias à obtenção da humidade do solo mais adequada ao desenvolvimento das plantas cultivadas. Em matéria de gestão da rega, o uso mais eficiente da água em agricultura requer um conhecimento adequado das caraterísticas do solo e das necessidades hídricas das culturas. Por seu turno, o principal fator a considerar na estimativa dessas necessidades é a evapotranspiração da cultura, conceito que integra as quantidades de água transpiradas pelas plantas e evaporadas a partir do solo. A intensidade da evapotranspiração das culturas depende de fatores ligados ao clima (humidade relativa do ar, insolação, vento e temperatura) e à própria cultura (dimensão da planta, percentagem de cobertura do solo, fase do desenvolvimento vegetativo). O solo, não tendo influência direta na evapotranspiração, influencia a escolha do intervalo de tempo entre regas e o cálculo da dotação de rega (volume de água a aplicar em cada rega). O solo pode ainda condicionar a eficiência de rega, sobretudo se esta não for conduzida com os cuidados necessários.

As necessidades de água para a rega são estimadas através do balanço hídrico do solo cultivado.

 

2.     Rede de Monitorização Meteorológica

As Estações Meteorológicas Automáticas (EMAs) da DRAP Algarve cujos dados são utilizados no PARE situam-se nas zonas do Algarve onde o regadio assume maior importância. A rede de monitorização é composta por doze EMAs, estando a sua localização e descrição da região de influência apresentada seguidamente:

1.    EMA de Aljezur

Latitude (N): 37° 21’ 24,9’’; Longitude (W): 08o 46’ 19,5’’; Altitude: 91m

Início de funcionamento: 2003

Instalada numa zona com boa drenagem atmosférica e com exposição a este/oeste, junto a vinha e pinhal. É a principal referência para a área do aproveitamento hidroagrícola do Mira situada no Algarve e para as culturas regadas junto à costa ocidental do Algarve, onde predominam vinhas, culturas hortícolas, forrageiras e arvenses.

2.    EMA de Portimão

Latitude (N): 37° 10' 05,5''; Longitude (W): 08 o 34' 40,8''; Altitude: 14m

Início de funcionamento: 2000

Instalada numa ligeira encosta com exposição a sul, junto a um pomar de citrinos e uma vinha.

É a principal referência para a área do aproveitamento hidroagrícola do Alvor, no qual predominam pomares, principalmente de citrinos, vinha, culturas hortícolas, milho, pastagens permanentes e para as culturas instaladas sobe o aquífero Mexilhoeira Grande-Portimão.

3.    EMA de Lagoa

Latitude (N): 37° 07' 21,3''; Longitude (W): 08 o 28' 02,6''; Altitude: 47m

Início de funcionamento: 2009

Instalada numa encosta com exposição a sudoeste, em pomar tradicional de sequeiro.

É a principal referência para a área do aproveitamento hidroagrícola de Lagoa, no qual predominam citrinos, vinha, culturas hortícolas e arroz.

4.    EMA da Arrochela

Latitude (N): 37° 10’ 32,9’’; Longitude (W): 08 o 26’ 48,1’’; Altitude: 50m

Início de funcionamento: 2003

Instalada na zona mais baixa de uma ligeira encosta com exposição sul, no interior de pomar de citrinos.

Constitui a referência para o Bloco de Silves do aproveitamento hidroagrícola de Silves Lagoa e Portimão, onde predominam citrinos, vinha, culturas hortícolas e arroz.

5.    EMA de Alcantarilha

Latitude (N): 37° 09’ 51,7’’; Longitude (W): 08 o 21’ 08,2’’; Altitude: 32m

Início de funcionamento: 2000

Instalada num planalto com boa drenagem atmosférica e baixas amplitudes térmicas, no interior de um pomar de citrinos.

É a referência para as culturas instaladas no Bloco de Lagoa do aproveitamento hidroagrícola de Silves Lagoa e Portimão, onde predominam citrinos, vinha, culturas hortícolas e arroz.

6.    EMA de São Bartolomeu de Messines

Latitude (N): 37° 16’ 37,2’’; Longitude (W): 08 o 14’ 15,8’; Altitude: 166 m

Início de funcionamento: 2003

Instalada na denominada “Beiraserra” do Algarve, em zona elevada, com boa exposição solar e drenagem atmosférica.

Constitui uma referência para as culturas instaladas nas zonas de cota mais elevadas no barrocal do Algarve, no aquífero Querença-Silves, principalmente pomares de citrinos.

7.    EMA de Alte

Latitude (N): 37 12’ 40,8’; Longitude (W): 08 o 10’ 54,6’; Altitude: 79 m

Início de funcionamento: 2003

Instalada na freguesia de Alte, no concelho de Loulé, na zona mais baixa de um vale, no barrocal. Com grandes amplitudes térmicas e baixa drenagem atmosférica, no interior de um pomar de citrinos.

Constitui uma referência para as culturas do barrocal da zona central do Algarve, no aquífero Querença-Silves, principalmente pomares de citrinos.

8.    EMA do Patacão

Latitude (N): 37o 02’ 48,8’’; Longitude (W): 07 o 56’ 49,8’; Altitude: 13 m

Início de funcionamento: 1997

Instalada no Centro de Experimentação Hortifruticultura do Patacão na DRAP Algarve, no concelho de Faro, numa zona plana.

Constitui referência para as culturas instaladas no extremo nascente do concelho de Loulé, Campina de Faro e extremo poente do concelho de Olhão, principalmente pomares de citrinos e de abacateiros e horticultura em estufa ou ar livre.

9.    EMA da Maragota

Latitude (N): 37° 05’ 25,4’’; Longitude (W): 07 o 45’ 08,5’’; Altitude: 57m

Início de funcionamento: 2000

Instalada num planalto com boa drenagem atmosférica e muito baixas amplitudes térmicas, junto a pomar de abacateiros (recentemente plantados).

É a referência para as culturas instaladas no extremo nascente do concelho de Olhão e extremo poente do concelho de Tavira, principalmente para as zonas acima da EN 125.

10.EMA de Tavira

Latitude (N): 37° 06’ 53,9’’; Longitude (W): 07 o 39’ 20,7’’; Altitude: 12m

Início de funcionamento: 1997

Instalada em zona plana, no Centro de Experimentação Agrário da DRAP Algarve, perto da Ria Formosa.

É a EMA de referência para as culturas instaladas no extremo poente AH do Sotavento Algarvio, principalmente para as zonas planas mais próximas do mar, podendo também a sua informação ser utilizada nas zonas com as mesmas características desde a Fuzeta até Vila Real de Santo António.

11.EMA de Vila Nova de Cacela

Latitude (N): 37°10’ 28,6’’; Longitude (W): 07 o 33’ 30,9’’; Altitude: 47m

Início de funcionamento: 2003

Instalada em ligeira encosta a sul, junto a pomar de abacateiros com sistema de luta antigeada.

É a EMA de referência para as culturas instaladas no extremo nascente do Sotavento Algarvio, desde a Conceição de Tavira até Vila Real de Santo António.

12.EMA da Junqueira

Latitude (N): 37° 16’ 11,2’; Longitude (W): 07 o 29’ 04,8’’; Altitude: 20 m

Início de funcionamento: 2003

Instalada em ligeira encosta com exposição a este, com boa drenagem atmosférica, na freguesia de Castro Marim, concelho de Castro Marim

É uma referência para as culturas instaladas no extremo nascente do Sotavento Algarvio, nos concelhos de Castro Marim e de Vila Real de Santo António, onde predominam pomares de citrinos e de abacateiros.

Cada estação meteorológica automática é constituída por um mastro (ou dois, caso o sensor de precipitação esteja instalado num mastro secundário), no qual estão instalados: o painel solar; a caixa ambiental, que alberga o equipamento de processamento/armazenamento (logger da marca dataTaker; modelos DT50 ou DT80), os circuitos de alimentação, comunicação e proteção, e os sensores discriminados no Quadro 1.

O processamento da informação tem o seu início com as leituras dos sensores a cada 10 segundos passando por relatórios estatísticos horários e diários com cálculos de carácter agrometeorológico (efetuados na própria estação), recolha, validação e disponibilização.

Quadro 1 - Síntese das características dos sensores (e.g. marca, modelo e altura de instalação).

 

Características do Sensor

Marca e Modelo

Altura

Local

Características técnicas

Temperatura e humidade relativa do ar

Thies

1.1005.54.000

1,60m

Todas as EMA

https://www.thiesclima.com/pdf/en/Products/Temperature-Electrical-sensors/?art=153

Precipitação

Environmental

ARG100/EC

1,60m

Alcantarilha, Maragota, Patacão, Portimão e Tavira

(instalado em mastro secundário)

http://www.emltd.net/uploads/1/0/5/1/105135655/ds-780-001-arg100.pdf

Pronamic Rain-O-Matic

300023-20

1,60m

Aljezur, Alte, Arrochela, Cacela, Junqueira, Lagoa, Messines

https://pronamic.com/Files/Images/datasheets/DatasheetProfessional.pdf

Direção do vento (catavento)

Thies

4.3124.30.018

(small model)

2,00m

Todas as EMA

https://www.thiesclima.com/pdf/en/Products/Wind-Small-wind-transmitters/?art=387

Humectação

(humidade na folha)

Skye Instruments

SKLW 1900

1,60m

Todas as EMA

https://www.skyeinstruments.info/index_htm_files/Surface%20Wetness%20Sensor.pdf

Radiação solar global

Skye Instruments

SKS 1110

2,00m

Alcantarilha, Maragota, Patacão, Portimão e Tavira

https://www.skyeinstruments.info/index_htm_files/pyranometer-dts-v1a.pdf

Kipp & Zonen SP Lite

1,60m

Aljezur, Alte, Arrochela, Cacela, Junqueira, Lagoa, Messines

https://www.kippzonen.com/Product/9/SP-Lite2-Pyranometer#.Y1bkeLbMKM8

Velocidade do vento

Thies

4.3515.30.000

(small model)

2,00m

Todas as EMA

https://www.thiesclima.com/pdf/en/Products/Wind-Small-wind-transmitters/?art=376

Temperatura no solo

Skye Instruments

SKTS 300

15cm abaixo da superfície

Todas as EMA

http://www.skyeinstruments.com/wp-content/uploads/Soil-Temperature-probes-SKTS-300.pdf

Temperatura da relva

Skye Instruments

SKTS 300

à superfície

Todas as EMA

http://www.skyeinstruments.com/wp-content/uploads/Soil-Temperature-probes-SKTS-300.pdf

 

3.     Regiões Agroclimáticas Homogéneas das EMAs

A partir da rede de monitorização suportada pelas doze EMAs são definidas regiões agroclimáticas homogéneas (Quadro 2) para obter os avisos de rega prospetivos representadas na Figura 1.

Quadro 2 - Correspondência entre as EMAs e as regiões agroclimáticas homogéneas.

Regiões agroclimáticas homogéneas

EMAs selecionadas

Simbologia

Aljezur (litoral atlântico)

Aljezur

·

Portimão e Lagos (litoral e barrocal)

Portimão

·

Silves, Alcantarilha e Algoz (barrocal e serra)

Alcantarilha e Arrochela

· ·

São Bartolomeu de Messines, Alte e Salir (serra)

Messines e Alte

· ·

Lagoa (litoral)

Lagoa

·

Faro, Loulé e Albufeira (litoral e barrocal)

Patacão

·

Moncarapacho e Tavira (litoral e barrocal)

Maragota e Tavira

· ·

Vila Nova de Cacela e Vila Real de Santo António (litoral e barrocal)

Cacela

·

Castro Marim (barrocal e serra)

Junqueira

·

Nota: Em zonas com duas EMAs, considera-se a média da ET0 das duas

Figura 1 – Mapa das regiões agroclimáticas homogéneas para avisos de rega.

 

4.     Metodologia para o Cálculo das Necessidades Hídricas das Culturas

A determinação da evapotranspiração da cultura - ETc - é efetuada a partir da evapotranspiração de referência – ETo -, afetando-a do coeficiente cultural - Kc, ou seja:

ETc= ETo x Kc                                                                                                                                                                        (1)

Em que ETc é a evapotranspiração cultural e Kc o coeficiente da cultura.

A partir do cálculo da ETc são calculadas as dotações de rega das culturas. Os coeficientes culturais Kc utilizados são os previstos no Irrigation and Drainage Paper n.º 56 (FAO[i], Allen et al., 1998).

O coeficiente cultural, Kc, representa a relação entre a evapotranspiração cultural e a evapotranspiração da cultura de referência, comportando a integração do efeito conjunto de quatro características que distinguem a evapotranspiração cultural da evapotranspiração da cultura de referência, designadamente, a altura da cultura, a resistência da superfície relativa à cultura-solo, o albedo da superfície cultura-solo e a evaporação do solo.

A informação de base para a determinação das necessidades hídricas das culturas é a informação agrometeorológica necessária para estimar a evapotranspiração de referência (ETo) - temperatura do ar, humidade relativa do ar, velocidade do vento e radiação solar global – para caracterizar as principais fases de desenvolvimento vegetativo da cultura - duração e identificação dos períodos em que a cultura é mais ou menos sensível ao stresse hídrico, sendo esta informação ajustada às condições reais da região.

Em culturas de baixa densidade, como é o caso dos pomares, a ETc é afetada por um fator de redução (Kr), que permite contabilizar apenas a área da cultura, não considerando, por isso, a evaporação ou transpiração não associadas à cultura. O valor deste coeficiente depende da cultura (compasso ou espaçamento, definido pelas distâncias na linha e na entrelinha). Nos pomares com uma percentagem de cobertura do solo pela vegetação (Sc) menor que 40 a 60%, a ETc deverá ser ajustada em função dessa percentagem, através da estimativa do Sc e Kr do seguinte modo:

                                                                                                                                                                 (2)

                                                                                                                                                              (3)

Em que Kr é o coeficiente de redução da evaporação, Sc a percentagem do solo coberta pela copa da cultura, D o diâmetro médio das árvores (m) e N o número de árvores por hectare.

Na determinação das necessidades hídricas em amendoeira, utilizou-se a metodologia de Girona (2006), tendo em consideração plantações adultas com uma cobertura superior a 50% e, para plantações jovens, considerou-se um desenvolvimento médio equivalente a 2 anos.

Para a determinação das necessidades hídricas de flores, bambu e catos (figos da índia), seguiu-se a metodologia específica adequada a espaços verdes (Costello et al., 2000), e determinou-se a evapotranspiração da paisagem (ETL), tendo em conta três fatores: tipo de vegetação ou espécie (Kv ou Ke) que compõe o espaço verde, a densidade de plantação (Kd) e as condições microclimáticas (Km).

                                                                                                                                         (4)

Os três coeficientes considerados nos cálculos estão mencionados no Manual de Riego de Jardines (Alabarces et al., 2004). No PARE para estas culturas, visando uniformizar simbologia, é apresentado o Kc, sendo este o produto da Ke, Kd e Km.

A determinação das necessidades rega líquidas, resulta do balanço hídrico simplificado mensal entre a ETc e a precipitação efetiva. Com base na monitorização da precipitação, estima-se a precipitação efetiva pelo método SCS-USDA (Serviço de Conservação do Solo do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).

para                                                                                    (5)

  para                                                                                         (6)

 

5.     Ajustamento à Evapotranspiração de referência (ETo)

Existem vários métodos indiretos para estimar a evapotranspiração de referência (ETo). As estações meteorológicas da rede de monitorização de suporte ao PARE monitorizam as variáveis climáticas necessárias ao cálculo do ETo através do método Penman-Monteith, que é o preconizado pela FAO, pois apresenta valores consistentes em todas as regiões e climas (Crop evapotranspiration - Guidelines for computing crop water requirements, Irrigation and Drainage paper n.º 56, Allen et al., 1998).

Contudo, embora seja considerado o método padrão para estimar a evapotranspiração de referência (ETo), uma vez que utiliza as variáveis determinantes à sua estimativa (temperatura, humidade relativa, radiação solar e velocidade do vento), nas condições de instalação requeridas, é referido pela FAO que “Não se pode esperar que nenhuma equação de evapotranspiração baseada no clima preveja a evapotranspiração perfeitamente em todas as situações climáticas devido à simplificação na formulação e erros na medição de dados”.

A equação pressupõe a existência, na zona de medição, de um solo com vegetação permanente, sendo que não se verificando esta condição, a taxa de referência de evapotranspiração não será atingida, implicando uma correção.

Os cálculos diários apresentam valores em média até cerca de 10% acima dos horários na maior parte dos locais (Estudo FAO, Riego y drenaje, nº 56; Grazhdani e Ahmeti, 2010). O cálculo horário é mais adequado sempre que se verifiquem mudanças substanciais de velocidade do vento ou de nebulosidade ao longo do dia. No entanto, a aplicação da equação para períodos de tempo curtos (horários ou menos) pode exigir a inclusão de correções.

Nas estações meteorológicas do PARE são calculados os valores de ETo a cada 10s, os quais são corrigidos nos relatórios diários, considerando os valores diários das variáveis climatológicas e o dia do ano. Assim sendo, e atendendo aos valores históricos de cada estação, à sua georreferenciação, orografia e intervalos de amostragem, à pressão atmosférica ou à radiação extraterrestre, com a utilização do método de cálculo horário certificado pela FAO, é possível obter fatores de ajuste, por estação, para os valores de ETo estimados (Quadro 3).

Estes fatores poderão vir a sofrer alterações mediante a sua aferição com métodos diretos de cálculo da ETo, usando por exemplo lisímetros ou com séries substanciais de novos dados.

Quadro 3 - Fatores de ajuste de ETo.

Designação das EMAs

Fator de ajuste

Aljezur

0,90

Alcantarilha

0,99

Arrochela

0,93

Alte

0,88

Cacela

0,92

Junqueira

0,95

Lagoa

0,85

Maragota

0,94

Messines

0,93

Patacão

0,86

Portimão

0,88

Tavira

0,94

Assim sendo, os valores calculados da evapotranspiração de referência serão apenas ajustados, pois a sua eventual correção implicaria um estudo publicado e devidamente validado por um painel de especialistas.

 

6.     Dotação de Rega

A avaliação das necessidades de rega das culturas ao nível da parcela recorre aos valores indicativos de eficiência de aplicação de acordo com os métodos/sistemas de rega (Quadro 4), que pressupõem sistemas bem projetados e bem mantidos (Pereira, 2005). Os valores expressam a eficiência do uso da água a jusante da zona de controlo dos aproveitamentos hidroagrícolas (parcela).

Quadro 4 – Valores de eficiência de rega na parcela (adaptado de PEREIRA, 2005).

Método/Sistema de Rega

Eficiência de rega (%)

Rega sob pressão

Rega gota a gota

85-95

Rega por aspersão

65-85

Rega por Pivot

75-85

Microaspersão

85-95

Canhão

55-70

Rega por gravidade

Rega por gravidade (sulcos)

45-70

Rega de arroz, canteiros em alagamento

50-70

 

7.     Conversor de Unidades

A unidade de referência para as necessidades de rega é o milímetro. Para converter a unidade de referência para uma unidade mais intuitiva para o agricultor, por exemplo em horas de rega, em sistemas de rega localizada (gota a gota) ou de aspersão, deve-se considerar o compasso da rega ou o número de emissores por hectare e o débito dos emissores (gotejadores ou aspersores).

Para o caso da rega gota-a-gota, é calculado o tempo de rega em função dos compassos de plantação, espaçamento dos gotejadores e respetivos débitos.

8.     Dotações de rega com base em previsões meteorológicas

Para a determinação das necessidades de rega segundo as previsões meteorológicas, recorre-se às previsões de precipitação e evapotranspiração (método de Penman-Monteith) em formato diário, elaboradas pela empresa Ibermeteo – Consultoria em Meteorologia, LDA com recurso a modelo de previsão americano WRF (Weather Research & Forecasting Model). Estas previsão estão suportadas em duas zonas: Barlavento (Silves) e Sotavento (Faro), conforme indicado no Quadro 5.

Quadro 5– Zonas de Previsão.

LOCAL

Dados de previsão

Arrochela e Alcantarilha

Silves

Cacela

Faro

Tavira e Maragota

Faro

Portimão

Silves

Patacão

Silves

Alte e São Bartolomeu Messines

Silves

Junqueira

Faro

 

A evolução desta Plataforma irá incluir o cálculo das previsões das necessidades das culturas suportadas nas previsões da temperatura, em que a fonte será o IPMA, e a ETo determinada pelo método de Hargreaves Samani. Este é um método de cálculo da ETo baseado na temperatura do ar e na radiação extraterrestre que atinge a superfície da atmosfera. O reduzido número de variáveis climáticas utilizadas neste método permite ser alternativa ao método de Penman-Monteith, quando não se dispõe de dados como a radiação, a velocidade do vento e a humidade relativa.

A equação de cálculo, denominada equação de Hargreaves, é a seguinte:

                                                                                   (7)

Sendo:

ETo - evapotranspiração de referência (mm/dia),

Tmed - temperatura média diária (⁰C),

Tmax - temperatura máxima diária (⁰C),

Tmin - temperatura mínima diária (⁰C) e

Ra – radiação extraterrestre (mm/d).

Na estimativa de antevisão, o método recorre às previsões das temperaturas, temperaturas diárias máximas e mínimas e temperatura média, esta resulta da média dos extremos diários.

A radiação extraterrestre, Ra, para cada dia do ano e para diferentes latitudes pode ser estimada a partir do constante solar, da declinação solar e da época do ano por:

                                                       (8)

Onde:

Ra – radiação extraterrestre (mm/d). [MJ m-2 dia-1],

Gsc constante solar = 0,0820 MJ m-2 min-1,

dr distância relativa inversa Terra-Sol (Equação 11),

ωs ângulo horário do pôr do sol (Equação 14) [rad],

φ latitude [rad] (Equação 9),

δ declinação solar (Equação 12) [rad].

Ra é expressa na Equação 9 em MJ m-2 dia-1. A evaporação equivalente correspondente em mm dia-1 é obtida multiplicando Ra por 0,408 (Equação 10). A conversão de graus decimais para radianos é dada por:

[Radianos]=π/180[Graus decimais]                                                                                                                   (9)

Evaporação equivalente [mm dia-1] = 0.408 x Radiação [MJ m-2 dia-1]                                                  (10)

A distância relativa inversa Terra-Sol, dr, e a declinação solar, δ, são dadas por:

dr =1+0,0033 cos (2π/365 J)                                                                                                                               (11)

δ=0,409 sin(2π/365J-1,39)                                                                                                                                  (12)

Onde J é o número do dia no ano entre 1 (1 de janeiro) e 365 ou 366 (31 de dezembro). Os valores de J para todos os dias do ano podem ser estimados com a Equação 13. O dia Juliano (J) pode ser determinado para cada dia (D) do mês (M) por:

J =INTEGER (275 M/9 - 30 + D)-2 IF (M < 3) THEN J =J + 2 também, IF (ano bissexto e (M > 2)) THEN J = J + 1  (13)

O ângulo horário do pôr-do-sol, ωs, é dado por:

ωs = arccos [-tan (ϕ) tan (δ)]                                                                                                                            (14)

 

9.     Suplementação de Falhas

Se a exploração em causa não estiver situada numa das zonas abrangidas por esta plataforma ou se não existirem dados climáticos disponíveis no período pretendido para a sua localização, sugerimos que opte pela zona mais próxima, atendendo também ao tipo de sub-região algarvia em que se encontra (litoral/barrocal/serra). Deverá ter sempre em consideração a orografia do local, particularmente a exposição solar e circulação atmosférica. No Quadro 6, apresentam-se as substituições possíveis (e vice-versa).

Quadro 6Estação adotadas para suplementação de falhas.

EMAs com falha

EMAs para suplementação

Aljezur

Silves ou Portimão

Portimão

Lagoa

Silves

Lagoa ou Messines

Alcantarilha

Lagoa

Faro

Tavira ou Lagoa

Alte

Messines

Maragota

Faro ou Tavira

Tavira

Faro ou Cacela

Castro Marim

Cacela

 

10.Visualização da Plataforma de Avisos de Rega e Funcionalidades

Nas imagens da Figura 2 são apresentadas algumas imagens sobre a Plataforma de Avisos de Rega -PARE, disponível através de https://pare.tintacriativa.pt/.

A plataforma permite escolher a data de sementeira.

No caso das culturas permanentes de folha caduca, a plataforma considera, por defeito, como data de sementeira o mês de março, correspondendo ao momento em que aparecem as primeiras folhas, conforme definido por Allen et al no fascículo Irrigation and Drainage Paper nº 56 da FAO.

Nas culturas de folha permanentes como citrinos e abacateiros a plataforma considera, também por defeito, o mês de janeiro como data de sementeira, também conforme Allen et al. No caso dos citrinos, é possível selecionar 3 classes de cobertura de solo pela projeção das copas das plantas: 70%, 50% e 25%.

Uma imagem com texto, captura de ecrã, software, Página web

Descrição gerada automaticamente

 

Uma imagem com texto, captura de ecrã, número, software

Descrição gerada automaticamente

Figura 2 – PARE- Plataforma de Avisos de Rega (visualização).

 

11.Referências bibliográficas

Allen, R. G.; Raes, D.; Smith, M. & Pereira, L. S. (1998) - Crop evapotranspiration: Guidelines for computing crop requirements. FAO Irrigation and Drainage Paper 56. Roma.

Allen R. G., Pereira, L. S., Raes, D., Smith, M. (2006) - Evapotranspiración del cultivo – Guias para la determinación de los requerimentos de agua de los cultivos, FAO -Estudio Riego Y Drenaje 56, ISSN 0254-5293.

Steduto P.;   Hsiao T. C.; FERERES E. (2012) - Irrigation and drainage paper 66. Crop yield response to water. Food and Agriculture Organization of the United Nations. Rome

OLIVEIRA I. (2011) - Técnicas de Regadio. Volume I. Edição do Autor

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[i] FAO -Food and Agriculture Organization of the United Nations